segunda-feira, 12 de agosto de 2019

EM SINTONIA - TEXTO E CONTEXTO

SITUAÇÃO COMUNICATIVA

- Condição para que o texto preencha em plenitude suas funções.
- Recorrer ao conceito de contexto abre margem par uma discussão: Relação Texto/Contexto.
- A mensagem requer um contexto ao qual remete, ou seja, a presença do texto (sintonização da linguagem com o referente).
- Distinguir os referentes chamados textuais (os que remetem ao próprio texto).
- Distinguir os referentes chamados situacionais (dados extra-linguísticos que referenciam a diversidade de consumação da mensagem.

REFERENTES TEXTUAIS

1) contexto verbal

- Tem um sentido chamado de "base";
- Não considerar isoladamente traços linguísticos;
- Levar em conta suas relações com a estrutura semântica do texto - valor polissêmico dos termos;
- Delimitar a contextualização: contexto intratextual imediato;
- Constituído por unidades ou sequência de unidades - segmentação;

CONTEXTO INTRATEXTUAL IMEDIATO de um capítulo são os capítulos que o precedem (anterior - posterior).
CONTEXTO INTRATEXTUAL ACUMULADO - narrativa literária; informação contextual; articulações contextuais.
CONTEXTO INTRATEXTUAL TOTAL - agentes da ação dramática, o leitor se intera do contexto.

Expressões indiciais - remetem a componentes de situação comunicativa (emissor e receptor, ou locutor e alocutário), isto é, enunciação.

Dêiticos - elementos linguísticos que mostram a presença do emissor no enunciado - situação espacial-temporal.

Assim:
referência - dêixis.
referentes - dêiticos.

Segundo Bühler:
Dêiticos - função de mostrar e não conceituar (designação dêitica):
- pronomes pessoais
- desinências verbais
- pronomes demonstrativos
- locuções prepositivas ou adverbiais

Simutaineidade – anterioridade - posterioridade

"O que varia com a situação é o referente de uma unidade dêitica, e não sei sentido o qual permanece constante de um emprego a outro." (Elisa Guimarães)

REFERENTES SITUACIONAIS

Elementos que tomam para si a tarefa de atar o enunciado às condições de enunciação - sua ligação com o universo que lhe é exterior - referentes situacionais.

Na mobilização de componentes diversos:
- cognitivos 
- discursivos
- afetivos
- sociológicos
-culturais

O texto chega a se redefinir como a recriação verbal de dados situacionais.
situação comunicativa - exercício da relação entre locutor e interlocutor / escritor e leitor.

Assim:
estrutura formal - processo global de comunicação e interação.
conteúdo temático - assunto da situação comunicativa.
ato locutário - produzido conforme as regras de um sistema gramatical.
ato ilocutório - orientado para influenciar o comportamento do receptor.
ato perlocutório - efeito produzido no interlocutor.

2) contexto extra-verbal

- representado pelo conjunto de objetos, circunstâncias e acontecimentos extra-linguísticos a que a mensagem se refere.
- ser conhecido do receptor, compreensão do texto.

Relações contextuais - firmam-se como de suma importância na constituição do texto.
Significado da palavra - firma-se no interior de um contexto.


Plano de expressão + Referente extra-linguístico = plenitude do texto

ou


Plenitude do texto =
Estrutura Abstrata Profunda + Estrutura Discursiva Manifestada





GUIMARÃES, Elisa. A aticulação do texto.
Série Princípios. 5ª edição. Ed. Ática.



Claudemir Oliveira Ribeiro
Língua Portuguesa e Técnicas de Redação
Psicopedagogo Institucional e Clínico




AS ESTRUTURAS COGNITIVAS

Conceitos

Marcuschi - Conhecimentos armazenados na memória semântica e na memória episódica.
Beaugrande e Dressler - Distinguem os conceitos como primários (controles centrais; processo do texto) e secundários (relativo ao sistema de significados) ;

Modelos Cognitivos Globais

São blocos de conhecimentos intensamente utilizados no processo de comunicação e representam de forma organizada nosso conhecimento prévio armazenado na memória.
São modelos cognitivos globais: frames, esquemas, planos, scripts e cenários.

Frames - teoria proposta por Minsky (perspectiva cognitivista); mecanismo de armazenamento de conhecimento (linguagem artificial = linguagem natural); modelos globais que contêm o conhecimento comum sobre um conceito primário.

Conceito primário
Frame (conjunto)
Festa de aniversário
Bolo, brigadeiro, balões, roupas bonitas, presente, convite, convidados...

Esquemas - segundo Beaugrande e Dressler, modelos cognitivos globais de eventos ou estados dispostos em sequências ordenadas (proximidade temporal e causalidade); psicólogo Bartlett apresenta  modelos cognitivos verbais psicologia cognitiva e inteligência artificial (organização do nosso conhecimento de mundo).

Conhecimento de mundo
Esquemas (fatos)
Acidente de trânsito
acidente, chegada da ambulância, atenção à vítima, chegada da polícia, remoção de vítima, liberação do tráfego, exame técnico, culpabilidade. 

Planos - Schank e Abelson e Marcuschi definem planos como "modelos de comportamento deliberado pelas pessoas: "propósitos", "intenção".

Propósito
Intenção
horas extras no trabalho
Compra do carro 0 Km

Scripts - desenvolvida por Schank e Abelson a partir de frame de Minsky. São planos estabilizados.

frame - situação estereotipada
script - situação dinâmica

frame (estereótipo)
Script (dinâmica)
Velhinha
(pessoa)
1) infância
2) mocidade
3) velhice
Cenário - Sanford e Garrod definem como cenário o domínio estendido da referência.

Descrição
(escritor/falante)
Cenário
(tematização)
julgamento - juiz - testemunhas
Tribunal



Superestrutura ou hiperestrutura ou esquema textual

Segundo seu principal desenvolvedor, Van Dijl,pode ser caracterizada como a forma global de um texto (organização - relação hierárquica - fragmentos). É descrita como em termos de categorias e regras de formação.

As regras de formação determinam a forma como ocorrem essas categorias. Temos como exemplo o texto narrativo:


Narrativo
Argumentativo
Científico
Descritivo
Situação
Tese
Introdução
Tema / Título
Complicação
Premissa
Problema
Denominação
Ação ou Avaliação
Argumento
Solução
Definição
Resolução
Contra-argumento
Conclusão
Expansão
Moral ou Estado Final (*)
Sintese

divisão

Conclusão




(*) Van Dijk – apoia-se aqui nos trabalho de Labov e Waletsky.


Isto quer dizer conhecimento partilhado ou conhecimento de mundo. Podemos afirmar que a coerência ocorre a partir do nosso conhecimento de mundo, conhecimento prévio, o que nos leva a desenvolver um texto com conteúdo de valor, interessante e mudança de comportamento ao leitor.
"Sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor não há compreensão." (Kleiman, op. cit., p. 13).
Os estudiosos apontam vários tipos de conhecimentos:

a) conhecimento linguístico: abrange o conhecimento da língua, vocabulário, regras da língua (vocábulo - frase - função).
b) conhecimento textual: classificação do texto: 
- quanto estrutura;
- quanto interação autor / leitor;
c) conhecimento de mundo:
- conhecimento adquirido formal e informalmente. 
- popular e científico (especialidade).




FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e Coerência Textuais.
Série Princípios. 9ª Ed. 2002. Ed. Ática.




Claudemir Oliveira Ribeiro
Professor deLíngua Portuguesa
e Técnicas de Redação
Psicopedagogo Institucional e Clínico

O TEXTO E SUAS MODALIDADES

DEFINIÇÃO DO TERMO TEXTO - Texto designa um enunciado qualquer, oral ou escrito, longo ou breve, antigo ou moderno. - Concretiza-se...